Vieira inédito e festejado

Fim de festa: Lena Machado e Edilson Gusmão, juntos, interpretam Banho cheiroso. Foto: Zema Ribeiro
Fim de festa: Lena Machado e Edilson Gusmão, juntos, interpretam Banho cheiroso. Foto: Zema Ribeiro

 

Desde o último 9 de maio começaram as celebrações em torno do centenário do compositor Antonio Vieira (9/5/1920-7/4/2009) – a ser completado em 9 de maio de 2020.

Capitaneada por Helena, sobrinha do artista, e pelas produtoras culturais Tatiana Ramos e Márcia Carvalho, uma temporada de shows tem percorrido diversos espaços da cidade, escalando sempre um par de artistas para explorar majoritariamente o repertório inédito deixado pelo compositor.

A estreia aconteceu no Bar Latino (Praia Grande), com Inácio Pinheiro e Tássia Campos; no mês seguinte, Alexandra Nicolas e Josias Sobrinho comandaram a festa, na Feirinha São Luís (Praça Benedito Leite, Centro).

A banda que acompanha as duplas é sempre a mesma: ​Arlindo Carvalho (percussão, foi companheiro de Vieira no Regional Urubu Malandro e integrou, com ele, a primeira formação do Regional Tira-Teima, na década de 1970), Rui Mário (sanfona e teclado), Thiago Fernandes (violão sete cordas), Danilo Santos (flauta e saxofone), Sadi Ericeira (cavaquinho), Ronald Nascimento (bateria) e Davi Oliveira (contrabaixo).

Ontem (9) foi a vez de Edilson Gusmão e Lena Machado, que se apresentaram no Anfiteatro Beto Bittencourt (Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, Praia Grande). Revezando-se no palco, cada qual cantou meia dúzia de canções.

Edilson Gusmão abriu o show com Mulata bonita, primeira composição de Vieira, escrita quando ele tinha 16 anos. Destacou-se em seu repertório a interpretação do choro inédito Aquele rapaz, que versa sobre um homem que, abandonado pela mulher, entrega-se ao álcool. Mas as lentes de Vieira nunca são moralistas, pedindo-nos que não julguemos o personagem.

A crítica social que sempre marcou o trabalho do mestre – “era chamado de mestre por que era um mestre”, alertou o elegante Augusto Pellegrini, outro mestre, de cerimônias, da noite – compareceu ao repertório de Lena Machado em Zé do lixo, atentando para a pouca atenção dispensada pela sociedade aos garis.

Em sua interpretação para A pedra rolou, a cantora incorporou os graves e o bailado de Célia Maria, referência em interpretação e quando o assunto é a obra de Vieira, sempre reverenciado por ela.

No bis, o dueto dos artistas em Banho cheiroso, na base do improviso, parecendo antecipar a necessidade de um descarrego que exigiria o dia de ressaca, com os falecimentos de Paulo Henrique Amorim e Chico de Oliveira. Sinais de Vieira.

Em breve os áudios das apresentações serão disponibilizados em plataformas de streaming.

4 respostas para “Vieira inédito e festejado”

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