Choro, Samba e Outras Bossas chega à 10ª. edição com grande elenco e solidariedade

Chorinho (1942), de Cândido Portinari (1903-1962) - reprodução/ Acervo Projeto Portinari
Chorinho (1942), de Cândido Portinari (1903-1962) – reprodução/ Acervo Projeto Portinari

No rastro do recém-celebrado Dia Nacional e Estadual do Choro (23 de abril), recentemente reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, acontece hoje (25), no Convento das Mercês, a 10ª. edição do projeto Choro, Samba e Outras Bossas, realizado mensalmente pela Fundação da Memória Republicana Brasileira (FMRB).

O evento acontece mensalmente desde o ano passado. Nesta edição a banda que leva o nome do projeto e o Quarteto Crivador acompanham Alysson Ribeiro, Quirino, Jailson Pereira, Leo Viana, Elizeu Cardoso, César Nascimento, Andrezinho do Acordeom, Adriana Bosaipo, Itaércio Rocha, Célia Maria e Carlinhos Arafé, e contará ainda com as participações especiais de Fátima Passarinho e Roberto Brandão, homenageando os recém-falecidos Cláudio Pinheiro (1957-2024) e Zezé Alves (1955-2024).

A programação começa às 19h e os ingressos solidários custam um quilo de alimento não-perecível ou fraldas (infantis ou geriátricas). A arrecadação será destinada ao Hospital Aldenora Bello. Sede da FMRB, o Convento das Mercês fica na Rua da Palma, 502, Desterro, no Centro Histórico da capital maranhense.

Música em Ação capacita mais de 150 crianças e jovens em Cedral e Guimarães

[JP Turismo, Jornal Pequeno, hoje]

Idealizado e coordenado pelo professor Raimundo Luiz, ex-diretor da Escola de Música do Estado do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo, o projeto teve patrocínio da Wilson Sons através da Lei Federal de Incentivo à Cultura

O idealizador e coordenador Raimundo Luiz (o segundo a partir da direita) e professores das oficinas do projeto Música em Ação. Foto: divulgação
O idealizador e coordenador Raimundo Luiz (o segundo a partir da direita) e professores das oficinas do projeto Música em Ação. Foto: divulgação
Oficina do núcleo de cordas do projeto Música em Ação. Foto: divulgação
Oficina do núcleo de cordas do projeto Música em Ação. Foto: divulgação
Após sua palestra, o professor Daniel Lemos brindou os alunos com uma apresentação. Foto: divulgação
Após sua palestra, o professor Daniel Lemos brindou os alunos com uma apresentação. Foto: divulgação

“Eu tinha chegado na sessão na época e fiquei loucamente curioso pra saber que monte de coisa pretinha era aquela. “Ah, isso aqui é música, é partitura!”. Ela me levou à Escola de Música, em 1980, já fora do período de inscrição, me apresentou para a então diretora Olga Mohana. Ela já tinha esse sonho que nós temos até hoje, de ter uma Orquestra Sinfônica no estado. Ela já me viu tocando violino, já me ofereceu o violino pra estudar. Eu não tinha instrumento e queria isso mesmo”.

A fala é de um entusiasmado Raimundo Luiz, multi-instrumentista, professor aposentado e ex-diretor-geral da Escola de Música do Estado do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo, em seu depoimento à Chorografia do Maranhão, série de entrevistas publicadas por este repórter com os irmãos Ricarte e Rivânio Almeida Santos, posteriormente reunidas no livro homônimo, publicado em 2018 em parceria pelas editoras Pitomba! e Edufma.

O mesmo entusiasmo segue motivando o integrante do Instrumental Pixinguinha, formado por professores, nos corredores da Emem: Raimundo Luiz poderia estar se dedicando tão somente a curtir a aposentadoria ou as rodas boemias de choro da ilha que adotou o garoto vindo de Jacarequara, povoado de Cedral (Guimarães antes da emancipação), mas o amor pela música e pela educação musical seguem motivando-o a inventar ações como o projeto Música em Ação – Meio Norte Maranhão, que leva oficinas de educação musical, instrumentos e ações de contrapartidas sociais aos municípios de Guimarães e Cedral.

O projeto Música em Ação tem patrocínio da Wilson Sons, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e é uma realização da Sol Maior Produção Musical, que já conta mais de 10 anos de atividades de produção na capital e sobretudo no interior do estado do Maranhão, em projetos artísticos e educativo nos quais tomaram parte integrantes dos corpos docentes das Universidades Estadual e Federal do Maranhão, além da Emem, entre outros. As atividades são desenvolvidas em escolas e sindicatos, através de parcerias com estes e as secretarias municipais de educação, além das próprias prefeituras municipais, que apoiam a iniciativa.

O projeto foi encerrado em fevereiro, tendo atendido mais de 150 alunos com oficinas de musicalização (flauta doce), cordas e sopros. “Estamos muito felizes em trabalhar na formação cultural de crianças e jovens destas cidades”, afirmou Raimundo Luiz, idealizador e coordenador do Música em Ação.

“Nós só temos a agradecer ao professor Raimundo Luiz por proporcionar esse projeto. Guimarães só tem a agradecer por este trabalho, a cidade só tem a ganhar, Guimarães é um grande celeiro musical”, afirmou Osvaldo Gomes, prefeito do município, reconhecido como berço do bumba meu boi sotaque de zabumba.

“Este projeto é algo que nós devemos incentivar e abraçar cada dia mais, para que ele seja fortalecido e possa acontecer. Sou muito feliz por poder ter a minha filha participando desse projeto”, declarou Fernanda Cardoso, mãe de aluna.

Maria Vitória, aluna do núcleo de cordas, também revela, emocionada: “eu tinha muita vontade de um dia pegar num violão, nunca tinha pegado; aí apareceu essa oportunidade e eu aproveitei, estou me sentindo muito bem”. Kahyo Martins, do mesmo núcleo, afirma: “eu gostei muito, a comunidade toda está envolvida, eu espero muito que continue no próximo ano”. Também do núcleo de cordas, Skarlleth Santos, realça o caráter social do ensino da música: “essa oportunidade que abriram para a gente foi muito importante, foi abrindo novas portas, e em vez de o jovem estar em outros lugares, está aqui, curtindo e aprendendo coisas novas. Em Guimarães, além da sede, o projeto chegou também à comunidade de Damásio, graças a uma parceria com o polo 20 do projeto Bombeiro-Mirim.

“A música, além de uma oportunidade de formação, de futuro para quem pratica, mas traz muitos valores juntos, é uma oportunidade de trabalhar educação, respeito, pertencimento, identidade, e é muito bom ver essa equipe trabalhando. Que venham mais projetos como esse, pois as crianças e jovens estão precisando de oportunidades”, afirmou Wagner Ramos, do departamento de responsabilidade social da Wilson Sons, que patrocina o projeto.

O pianista e professor Daniel Lemos, sintetiza: “Para mim foi uma honra tomar parte no projeto, com uma palestra intitulada “A música no currículo escolar”, seguida de uma intervenção musical. Projetos belíssimos como esse, que tem trazido a música para as crianças, mostrando a questão da formação cidadã, do qual a música é um tipo de conhecimento específico e muito importante para o desenvolvimento social de nosso país, o nosso futuro, e também importante destacar a questão da geração de renda, de você trazer os bolsistas, os trabalhadores, jogar esse recurso para regiões do interior, descentralizando o capital. É uma iniciativa muito importante e a gente espera que outras venham a acontecer no futuro. Estão de parabéns todos os membros da equipe, o professor Raimundo Luiz, e será sempre um prazer colaborar com iniciativas tão valiosas como essa”.

Maracatu Quebra-Baque celebra 20 anos “Pelos Trilhos da Vale”

[release]

O Maracatu Quebra-Baque. Foto: divulgação
O Maracatu Quebra-Baque. Foto: divulgação

O projeto “Quebra-Baque – 20 Anos – Pelos Trilhos da Vale”, celebra os 20 anos de trajetória do grupo pernambucano Maracatu Quebra-Baque. A circulação é apresentada pelo Ministério da Cultura (MinC), com patrocínio do Instituto Cultural Vale (ICV), através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e é uma realização da Atos Produções Artísticas, de Recife/PE.

A cada cidade por que passar, será realizada uma oficina de três horas de percussão em material reciclável – com tradução simultânea em Libras, a Língua Brasileira de Sinais – e um cortejo aberto ao público. O Quebra-Baque inicia a circulação por São Luís, no próximo dia 10 de abril – depois o grupo vai ao Pará (Parauapebas, dias 12 e 13; Marabá, 16 e 17; e a capital Belém, 19 e 20). Toda a programação é gratuita.

A oficina ensina a transformar material reciclável em instrumentos de percussão. O material é fornecido pelo projeto aos inscritos (basta chegar ao local com meia hora de antecedência) e alunos da oficina participam do cortejo a cada cidade visitada. O projeto alia entretenimento, formação de plateia, educação musical e ambiental, envolvendo crianças e adolescentes de escolas públicas.

O Grupo de Percussão Maracatu Quebra-Baque está em atividade desde 2003 e por suas fileiras já passaram mais de 900 pessoas. Apesar do gênero musical genuinamente pernambucano que lhe dá nome, o grupo tem sido importante no resgate de ritmos tradicionais como coco de roda, caboclinho, xaxado e ciranda, além do maracatu.

O percussionista Tarcísio Resende à frente do Maracatu Quebra-Baque. Foto: divulgação
O percussionista Tarcísio Resende à frente do Maracatu Quebra-Baque. Foto: divulgação

O Quebra-Baque foi fundado por Tarcísio Resende, um dos mais destacados percussionistas da cena pernambucana, autor dos livros “Batuque Book Maracatu”, “Batuque Book Cacoclinho” e “Batuque Book Forró”, frutos de sua pesquisa voltada a ritmos da cultura popular de Pernambuco.

O grupo tem se mostrado um importante veículo de inclusão sociocultural através da música, além de ser responsável também pela difusão de ritmos pernambucanos no Brasil e no mundo – já tendo se apresentado em países como Áustria e França. Os ensaios regulares do grupo acontecem sempre no segundo semestre, aos sábados, na Rua Tomazina, 129, no bairro do Recife Antigo.

Em São Luís, a oficina acontece dia 10 (quarta-feira), às 9h, no Auditório do Convento das Mercês (Rua da Palma, Desterro); o cortejo tem início às 18h, com concentração também no Convento das Mercês. A programação completa da circulação pode ser conferida no instagram @quebrabaque.

Serviço

O quê: “Quebra-Baque – 20 Anos – Pelos Trilhos da Vale”
Quem: Grupo de Percussão Maracatu Quebra-Baque
Quando: dia 10, às 9h (oficina) e 18h (cortejo)
Onde: Convento das Mercês (Rua da Palma, Desterro)
Quanto: grátis
Patrocínio: Instituto Cultural Vale e Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura

Documentário sobre Lupicínio Rodrigues será exibido em São Luís, seguido de roda de música

Sessão acontece nesta quinta (4), às 19h, no Cineteatro Aldo Leite (Palacete Gentil Braga)

"Lupicínio Rodrigues: Confissões de Um Sofredor". Cartaz. Reprodução
“Lupicínio Rodrigues: Confissões de Um Sofredor”. Cartaz. Reprodução

Ano passado, para o Farofafá, escrevi sobre o documentário Lupicínio Rodrigues: Confissões de Um Sofredor, de Alfredo Manevy, que então percorria o circuito de festivais, antes da estreia no de salas de cinema. Ao lado dele, outros importantes filmes com conteúdo musical não têm circulado pelas salas ludovicenses. Cito Saudosa Maloca, de Pedro Serrano, baseado em canções de Adoniran Barbosa (1910-1982) e protagonizado por Paulo Miklos, e Nada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina, documentário de Ana Rieper, entre os exemplos recentes.

Lupicínio Rodrigues: Confissões de Um Sofredor reúne um time de primeira grandeza da música popular brasileira, entre interpretações de clássicos de sua lavra e depoimentos, ajudando a colocar o compositor gaúcho num merecido lugar de destaque entre os grandes da MPB, algo invariavelmente ofuscado pela chamada “fenomenologia da cornitude”, a tal dor de cotovelo de que, afinal de contas, ele é o inventor e maior representante. Mas também, como aprofundou o colega de redação no citado Farofafá Pedro Alexandre Sanches, debate o quanto esta diminuição de Lupi, como era carinhosamente chamado por pares de ofício, era também fruto de racismo, a partir, sobretudo, de não ter sido creditado entre os concorrentes ao Oscar, em episódio abordado pelo filme e que este busca reparar, artística e judicialmente.

O documentário de Manevy também não estreou nas salas de cinema da ilha, o que vai ser parcialmente corrigido por iniciativa do Departamento de Assuntos Culturais da Universidade Federal do Maranhão (DAC/UFMA) e seu Festival Guarnicê de Cinema, um dos mais longevos do Brasil, cuja 47ª. edição acontece entre os próximos dias 7 e 14 de junho. Na próxima quinta-feira (4), às 19h, Lupicínio Rodrigues: Confissões de Um Sofredor será exibido no Cineteatro Aldo Leite (Palacete Gentil Braga, Rua Grande, 782, Centro, Canto da Viração, esquina com Rua do Passeio).

A sessão será gratuita, com abertura dos portões às 18h, com acesso pela lateral do Palacete (Rua do Passeio), observando-se a capacidade da casa (125 lugares). Às 19h acontece a exibição do filme, seguida de uma roda musical com a presença confirmada de artistas admiradores da obra de Lupicínio Rodrigues (1914-1974), interpretando seus grandes clássicos. A roda é aberta e já tem confirmadas as presenças do compositor Joãozinho Ribeiro, dos cantores Zeca do Cavaco e Aziz Jr., além de Carbrasa (pandeiro), João Eudes (violão sete cordas) e João Neto (flauta) – outros artistas devem se somar à iniciativa, à altura do fabuloso legado do homenageado.

Gerô é o homenageado de hoje da Rádio das Tulhas

Moizes Nobre e Gerô. Reprodução
Moizes Nobre e Gerô. Reprodução

Ontem (22) completaram-se 17 anos do assassinato de Jeremias Pereira da Silva, o Gerô (1961-2007). Artista popular, cantor, compositor, escritor, cordelista e repentista, ele foi “confundido” – era negro – com um assaltante e torturado até a morte por policiais militares.

O episódio causou indignação na classe artística e na sociedade geral, à época. A então deputada estadual Helena Heluy (PT) propôs e conseguiu aprovar a lei nº. 8.641/2007, que estabelece a data de 22 de março como Dia Estadual de Combate à Tortura.

No carnaval de 2008, o Bloco Tradicional Pau Brasil, do Anjo da Guarda, homenageou Gerô, com o samba “Salve Gerô!“, de Gigi Moreira (1957-2020), Jeovah França, Josias Sobrinho e deste cronista. Em 2009, a Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), através de seu plano fonográfico, lançou o cd póstumo “A Peleja de Gerô”, reunindo gravações do artista. O álbum permite perceber sua versatilidade, verve afiada e bom humor.

Gerô será homenageado hoje (23) na Rádio das Tulhas, a tertúlia semanal capitaneada pelos djs Ayawo Noleto e Victor Hugo, na Feira da Praia Grande, palco de emboladas de Gerô. Com entrada franca, o evento começa ao meio-dia e vai até às 18h. A edição de hoje contará com as presenças de colegas de ofício do homenageado: Paulinho Nó Cego, Pedro Nobre e Moizes Nobre – ao pandeiro, acompanhando o artista, na imagem que abre/ilustra este texto.

Choro, Samba e Outras Bossas tem nova edição hoje

A cantora Regina Oliveira no centro da roda do ensaio com a banda Choro, Samba e Outras Bossas. Foto: Reprodução
A cantora Regina Oliveira no centro da roda do ensaio com a banda Choro, Samba e Outras Bossas. Foto: Reprodução

A Fundação da Memória Republicana Brasileira (FMRB), sediada no Convento das Mercês (Rua da Palma, s/nº., Desterro), recebe hoje (22), às 19h, a primeira edição do projeto Choro, Samba e Outras Bossas este ano – ao todo já são nove edições do encontro mensal, inaugurado ano passado.

A festa valoriza gêneros como o choro e o samba, ambos tidos como dos mais representativos da música popular brasileira, embora não se prenda a eles; basta ver, por exemplo, a lista de convidados de hoje: Adão Camilo, Anna Claudia, Chiquinho França, Emanuel Jesus, Marconi Rezende, Nanda Costa, Regina Oliveira, Ricardo Mendes, Walfredo Jair e Wilson Zara serão acompanhados pelo Quarteto Crivador e pela banda que leva o nome do projeto, formada especialmente para estes encontros mensais, pelos músicos Antônio Paiva (baixo), Claudio Castro (bateria), Marquinhos Carcará (percussão), Osmar Jr. (saxofone e flauta), Paulo Trabulsi (cavaquinho e violão) e Rui Mário (sanfona).

Com alguns músicos em comum, o Quarteto Crivador é formado por Marquinhos Carcará (bateria e percussão), Robertinho Chinês (bandolim e cavaquinho), Rui Mário (sanfona) e Tiago Fernandes (violão sete cordas).

O evento é realizado mensalmente, geralmente às últimas sextas-feiras do mês – desta vez a antecipação se deve ao feriado prolongado da semana que vem, com ponto facultativo na quinta-feira (28) e feriado da Paixão de Cristo na sexta (29).

Por ocasião do Choro, Samba e Outras Bossas, o pátio central do Convento das Mercês abriga ainda uma feira que agrega gastronomia, sebos e artesanato. A festa acaba sendo também uma espécie de confraternização, já que reúne os aniversariantes do mês. A entrada é gratuita.

O talento, o sucesso, as contradições e a decadência de Nelson Ned

A fama de Nelson Ned era tão grande que, em 1985, quando foi levar os filhos para pedir autógrafos para os Menudos, Ricky Martin disse "minha mãe te ama" e ele deu autógrafos aos porto-riquenhos. Foto: Acervo pessoal de Monalisa Ned/ Reprodução
A fama de Nelson Ned era tão grande que, em 1985, quando foi levar os filhos para pedir autógrafos para os Menudos, Ricky Martin disse “minha mãe te ama” e ele deu autógrafos aos porto-riquenhos. Foto: Acervo pessoal de Monalisa Ned/ Reprodução

“Ponha-se no lugar do Nelson. Imagina como é acordar todo dia e ter os problemas dele. Não deve ser fácil ser Nelson Ned [1947-2014]”, disse o cantor e então vereador Agnaldo Timóteo (1936-2021) a um de seus assessores, numa fase em que o colega a que se refere já amargava o ostracismo, após anos de extrema popularidade, não apenas no Brasil.

“Tudo Passará: A Vida de Nelson Ned, O Pequeno Gigante da Canção”. Capa. Reprodução
“Tudo Passará: A Vida de Nelson Ned, O Pequeno Gigante da Canção”. Capa. Reprodução

O episódio é um dos muitos contados por André Barcinski em “Tudo Passará: A Vida de Nelson Ned, O Pequeno Gigante da Canção” (Companhia das Letras, 2023, 249 p., R$ 79,90). O autor de “Barulho” e “Pavões Misteriosos” conta a história de Nelson Ned sem apelar para espetacularizar a vida privada do cantor e compositor, o que seria um caminho mais fácil, dada a profusão de episódios, desde o diagnóstico de nanismo, ainda na infância, até relações conturbadas com mulheres, álcool, drogas e o alto escalão do narcotráfico.

Não que Barcinski não os aborde, mas sua opção parece dialogar com a do artista diante de sua própria condição, de sua família e o modo com que sempre encarou o nanismo – a mãe desafiou os preconceitos vigentes e decidiu manter o filho na escola após episódios de bullying, antes mesmo de o termo ser inventado. “Ele terá de aprender a viver no meio das outras crianças, como uma criança normal. Vou criar meu filho para o mundo, e não um mundo para meu filho”, disse, sem imaginar que dali a pouco Nelson Ned começaria, ainda criança, a encantar plateias e auditórios com seu vozeirão.

A quem porventura achar que o subtítulo da biografia é apelativo, este era o apelido com que Nelson Ned era tratado no meio artístico, entre as jogadas de marketing típicas da época em que reinou como um grande vendedor de discos, páreo para Roberto Carlos e sucesso absoluto na América Latina, Estados Unidos e países como Angola e Moçambique.

Era um personagem contraditório. O jornalista e treinador de futebol João Saldanha (1917-1990) certa vez disse a Nelson Ned: “Você só não é perfeito porque nunca gravou uma música do Chico Buarque”, e recebeu como resposta: “Deus me livre, gravar música deste comunista de merda!”, recebendo réplica do comunista histórico, que só não conduziu a seleção brasileira ao tricampeonato mundial em 1970 justamente por não aceitar interferências dos generais de plantão na escalação de seu time.

Nelson Ned também afirmava nunca ter se apresentado em Cuba por não cantar para ditadores, aludindo a Fidel Castro (1926-2016), que governava a ilha. Morreu sem cantar lá, mas “na Colômbia, chefões dos cartéis de Cali e Medellín o contratavam para shows particulares. Baby Doc (Jean-Claude Duvalier [1951-2014]), o sanguinário ditador haitiano, chorava ao ouvir Nelson cantar” e visitou o artista no camarim, após um show no país “que controlava (…) à custa de repressão policial e execuções de adversários”. Nelson Ned chegou a presentear o general João Figueiredo (1918-1999), último presidente da ditadura militar brasileira, com uma Colt .45, que, por sua vez, havia recebido de presente de Arturo Durazo Moreno, vulgo El Negro, chefe de polícia na Cidade do México entre 1976 e 1982, preso em 1984 acusado de corrupção, extorsão, evasão fiscal, contrabando e posse de armas ilegais e cocaína.

Nada escapa ao olhar atento, à pesquisa minuciosa e à escrita envolvente de Barcinski, que dá conta ainda do plágio de que foi alvo a canção que dá título ao livro, da questão que ele fazia de aparecer de corpo inteiro nas capas dos discos, para não esconder sua condição física, até sua decadência, fruto dos excessos cometidos ao longo dos tempos, quando passou a cantar exclusivamente hinos e louvores para atender ao mercado gospel ao se tornar evangélico.

Emaranhando em Fortaleza

[release]

Caravana com 11 artistas maranhenses participa da Virada Cultural no CCBNB na capital cearense

Invariavelmente apontado como um dos estados de maior riqueza e diversidade cultural do país, o Maranhão terá uma caravana na Virada Cultural promovida pelo Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza/CE, no próximo dia 8 de dezembro. A apresentação acontece às 19h, na sede do CCBNB, com entrada franca.

Camila Reis, Dicy, Elizeu Cardoso, Klícia, Lena Garcia, Regiane Araújo, Santacruz, Wilson Zara e Zeca Tocantins, acompanhados por Isaías Alves (bateria) e João Simas (violão, guitarra e direção musical), além do baixista cearense Lucas Arruda, irão se apresentar no Palco Papete, montado no CCBNB, cujo nome homenageia o cantor, compositor e percussionista José Ribamar Viana (1947-2016), um dos mais destacados artistas da música maranhense em todos os tempos.

Os 11 artistas, um time de craques, selecionados pela curadoria do evento representam diversos segmentos da música popular brasileira produzida no Maranhão. “Levamos em conta, além da qualidade artística, obviamente, questões de representatividade: há artistas da capital e do interior, homens e mulheres, negros, artistas consagrados e revelações em seus modos diversos de fazer música”, afirma Gildomar Marinho, gerente do CCBNB.

O repertório da apresentação passeará por temas autorais e clássicos de compositores maranhenses, revelando um amplo leque tanto em se tratando de estilos quanto de tempo, abordando clássicos que vão de João do Vale (1934-1996), considerado o maranhense do século XX, a Josias Sobrinho – um dos compositores gravados por Papete em “Bandeira de Aço” (Discos Marcus Pereira, 1978), considerado um divisor de águas na música popular brasileira produzida no Maranhão –, que completou ano passado 50 anos de carreira.

“Emaranhando em Fortaleza”, o título do espetáculo, brinca com um verso de “Devoluto”, poema de Sérgio Natureza musicado por Kléber Albuquerque gravado por este com o homenageado Celso Borges (1959-2023) em seu livro-disco “Música” (2006). À época, o poeta morava em São Paulo e um dos versos do poema diz “emaranhando em Sampa” – a escolha é também uma homenagem dos artistas ao poeta, cuja obra também inclui letras de música.

Joãozinho Ribeiro e grande elenco celebram a paz na terceira edição do show “Com o Afeto das Canções”

[release]

O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro. Foto: divulgação
O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro. Foto: divulgação

Evento acontece no próximo dia 16 de dezembro (sábado), no Convento das Mercês

A trajetória artística do poeta e compositor Joãozinho Ribeiro se confunde com sua trajetória militante. Desde que estreou na música, num festival universitário em 1979, em que ficou em segundo lugar, sua obra se debruça sobre questões sociais, num fazer artístico de uma consciência raras vezes vista.

Com um livro – “Paisagem Feita de Tempo” (Edição do Autor, 2006) – e um disco lançados – “Milhões de Uns – vol. 1”, gravado ao vivo no Teatro Arthur Azevedo em 2012 e lançado no ano seguinte – até aqui, sua poesia e sua música invariavelmente alertam para as mazelas que nos cercam.

“A função do artista é salvar o sonho” e a frase do pintor italiano Amedeo Modigliani (1884-1920) há algum tempo martela o juízo de Joãozinho como um mantra. Notícias de guerras distantes pedem paz, pão e poesia. E música.

É pensando e motivado por isso que Joãozinho Ribeiro, ser gregário, como já sabemos, se reúne com uma constelação de primeira linha da música popular brasileira produzida no Maranhão para o show “Com o Afeto das Canções III – A Festa da Paz”, que acontece no próximo dia 16 de dezembro (sábado), no Convento das Mercês (Rua da Palma, Desterro), a partir das 18h.

“A gente enxerga esta realização como uma grande festa de confraternização, típica do período, mas pautada por muito profissionalismo e solidariedade. É um espaço do acontecer solidário, reunindo cerca de uma centena de envolvidos, desde instrumentistas, convidados especiais, produtores, grupos de cultura popular da comunidade do Desterro, bairro onde me criei e onde está localizado o Convento das Mercês, cartão postal da capital maranhense que é sede da Fundação da Memória Republicana Brasileira, em cujas festas de fim de ano a gente se insere, colaborando também com a Campanha Natal Sem Fome. Música na existência, para alimentar os espíritos! Dança nos corpos, para liberar as energias positivas! Eparrei! Aleluia! Shalom! Saravá!”, resume Joãozinho Ribeiro.

A música começa com apresentações de grupos de cultura popular do entorno: Tambor dos Onças, Zumba da Negra Zete, Capoeira do Mestre Bamba e os Blocos Tradicionais Os Foliões e Os Guardiões. Na sequência, tendo como mestre de cerimônias o poeta e cordelista Moizes Nobre, Joãozinho Ribeiro será acompanhado por Rui Mário (sanfona, teclados e direção musical), Hugo Carafunim (trompete), Danilo Santos (saxofone e flauta), Ronald Nascimento (bateria), Tiago Fernandes (violão sete cordas), Marquinhos Carcará (percussão), Robertinho Chinês (cavaquinho), Katia Espíndola (vocal), Raquel Espíndola (vocal). O anfitrião terá como convidados o Bloco Afro Akomabu, Anastácia Lia, Andréa Frazão, Ronald Pinheiro, Josias Sobrinho, Zé Heitor (vencedor do concurso de toadas dos sotaques da baixada e costa de mão, promovido pela FMRB), Chico Saldanha, Bicho Terra, Allysson Ribeiro, Anna Cláudia e Fátima Passarinho – os três últimos, sob a batuta do maestro Arlindo Pipiu, irão comandar o Baile da Paz, antecipando o carnaval, apresentando um repertório de frevos e marchinhas, incluindo composições inéditas que estarão no EP carnavalesco que o compositor lançará no início de 2024.

“Com o Afeto das Canções III – A Festa da Paz” tem produção e coordenação geral de Lena Santos e patrocínio da Potiguar e Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão. O acesso se dará mediante a troca de um quilo de alimento não perecível, no local. A arrecadação será destinada à Campanha Natal Sem Fome.

Serviço

O quê: show “Com o Afeto das Canções III – A Festa da Paz”
Quem: o poeta e compositor Joãozinho Ribeiro e convidados
Quando: dia 16 de dezembro (sábado), às 18h
Onde: Convento das Mercês (Rua da Palma, Desterro)
Quanto: os ingressos serão trocados por um quilo de alimento não perecível

O bloco de Ney Matogrosso

O cantor Ney Matogrosso. Foto: Patrícia Castro
O cantor Ney Matogrosso. Foto: Patrícia Castro

Já se vão 50 anos desde que Ney Matogrosso despontou no cenário artístico brasileiro, com o rosto pintado e trejeitos no palco que desagradavam os generais de plantão, à frente do grupo Secos e Molhados.

Ontem (18) ele se apresentou em São Luís, no Pavilhão de Eventos do Multicenter Sebrae, para deleite do ótimo público presente, produção da 4Mãos. O show da turnê “Bloco na Rua” durou cerca de hora e meia em que o cantor atestou porque é, desde sempre e ainda, um dos mais interessantes artistas brasileiros em atividade.

A quem achar pouca a duração do show, é música o tempo inteiro. E dança. Com uma projeção emuldurando. Ney Matogrosso não conversa nem desconversa. Fora cantar ao longo de todo o show (parece redundância, mas não é), deu apenas boa noite, anunciou o fim do show, voltou para o bis e disse o quanto era incrível cantar para aquela plateia.

Um espetáculo e tanto, aberto por “Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua”, do capixaba Sérgio Sampaio (1947-1994), de onde vem o título do show e do álbum lançado por Ney Matogrosso em 2019.

O roteiro do show demonstrou a versatilidade que marca a trajetória do artista, que sempre gravou o que quis, sem se prender a rótulos ou escolas: continuou por pérolas do rock brasileiro, como “Jardins da Babilônia” (Lee Marcucci/ Rita Lee) e “O Beco” (Bi Ribeiro/ Herbert Vianna), as três primeiras cantadas na mesma sequência do álbum.

Performer nato, Ney Matogrosso tem pleno domínio do palco, é senhor da situação. O figurino de Lino Villaventura, o mesmo com que aparece na capa de “Bloco na Rua”, fazia esvoaçar uma espécie de saia de franjas ao longo da apresentação. Seu balé particular está a serviço de sua música e vice-versa e sua excelência está em ambos.

Ney Matogrosso estava acompanhado por Sacha Amback (direção musical e teclado), Marcos Suzano (percussão), Felipe Roseno (percussão), Dunga (baixo), Tuco Marcondes (guitarra), Aquiles Moraes (trompete) e Everson Moraes (trombone).

“Já Sei” (Alice Ruiz/ Alzira E./ Itamar Assumpção), “Pavão Mysteriozo” (Ednardo), “Tua Cantiga” (Chico Buarque), “A Maçã” (Marcelo Motta/ Paulo Coelho/ Raul Seixas), “Yolanda” (versão de Chico Buarque para composição de Pablo Milanés), “Postal de amor” (Fausto Nilo/ Raimundo Fagner/ Ricardo) e “Ponta do Lápis” (Clodo Ferreira/ Rodger Rogério) formaram outro bloco na mesma sequência do álbum, continuada por “Corista de Rock” (Luiz Sérgio/ Rita Lee), “Já Que Tem Que” (Alzira E./ Itamar Assumpção), “O Último Dia” (Billy Brandão/ Paulinho Moska), “Inominável” (Dan Nakagawa), “Sangue Latino” (João Ricardo/ Paulinho Mendonça) – única do Secos e Molhados que compareceu ao repertório do show –, e “Como dois e dois” (Caetano Veloso”), que praticamente fechou o show, dando um pequeno pulo em relação ao repertório do álbum.

Das poucas vezes em que falou, Ney Matogrosso anunciou o fim do show, repito: “foi um prazer inenarrável cantar para todos vocês”, disse, antes de emendar “Poema” (Cazuza/ Frejat) e seu maior hit, “Homem Com H” (Antonio Barros). Ao ser chamado para o bis, educadamente disse: “já cantamos tudo o que havíamos ensaiado, mas eu vou cantar mais duas porque eu gosto”, e mandou “Roendo as Unhas” (Paulinho da Viola) e “Rua da Passagem” (Arnaldo Antunes/ Lenine).

Das não poucas vezes em que chorei ao longo da apresentação, prefiro não revelar e salgar o jornalismo e misturá-lo a questões pessoais, como as lembranças de minha avó Maria Lindoso (1939-2020), fã declarada que não chegou a ver um show ao vivo, mas me ensinou a admirar Ney Matogrosso.

*O jornalista assistiu ao show a convite da produção.

Lourival Tavares apresenta “Canto Encanto – A noite dos menestréis” no Bar do Léo

[release]

Marcos Lussaray e Lourival Tavares em show no Teatro da Cidade (2014). Foto: Zema Ribeiro/ Divulgação
Marcos Lussaray e Lourival Tavares em show no Teatro da Cidade (2014). Foto: Zema Ribeiro/ Divulgação

Artista será homenageado pela Festa da Música do Maranhão; no show, Lourival Tavares será acompanhado por Marcos Lussaray (violão e guitarra) e terá as participações especiais de Erasmo Dibell, Gildomar Marinho, Joãozinho Ribeiro, Josias Sobrinho, Sérgio Habibe, Tutuca Viana e Wilson Zara

O cantor e compositor Lourival Tavares, maranhense de Pio XII, hoje radicado em São Paulo, apresenta no próximo dia 18 de novembro (sábado), às 20h, no Bar do Léo, o show “Canto Encanto – A noite dos menestréis”.

Com entrada franca, na apresentação Lourival Tavares estará acompanhado por Marcos Lussaray (violão e guitarra) e contará com as participações especiais de Erasmo Dibell, Gildomar Marinho, Joãozinho Ribeiro, Josias Sobrinho, Sérgio Habibe, Tutuca Viana e Wilson Zara.

Lourival Tavares começou a cantar em programas de calouros no início da década de 1970. Sua música é fruto da influência de ritmos da cultura popular de seu estado natal, das canções que se ouviam no rádio à época – um vasto cardápio que inclui de Luiz Gonzaga a João do Vale, passando por Silvio Caldas, Jackson do Pandeiro, Gilberto Gil, Caetano Veloso e João Bosco, além dos poetas Catulo da Paixão Cearense e Patativa do Assaré.

“Canto Encanto – A noite dos menestréis”, o show, aproveita a passagem de Lourival Tavares pelo Maranhão: no próximo dia 16, antevéspera da apresentação, ele receberá o Prêmio Papete, durante a Festa da Música do Maranhão, que reconhece o talento e a importância de diversas personalidades para a música produzida por maranhenses. O evento chega este ano à sua sexta edição.

Lourival Tavares tem diversos álbuns gravados, entre os quais se destaca “No batuque do coração” (CPC-Umes, 2004), cujo repertório inclui músicas de sua lavra, como “Enluarado”, “Procissão das formigas”, “Solidão das lamparinas” e “Canto razão”, além de “Velha calça de xadrez” (parceria com Josias Sobrinho e Éden Bentes), “Matadouro” (com Celso Borges), e releituras para “Ana e a lua” (Betto Pereira) e “Pequeno concerto que virou canção” (Geraldo Vandré).

O reencontro de Lourival Tavares com seus convidados e com o público ludovicense promete ser uma noite de festa, com um passeio pelas diversas fases e álbuns de sua carreira, bem como pelas trajetórias de Erasmo Dibell, Gildomar Marinho, Joãozinho Ribeiro, Sérgio Habibe, Tutuca Viana e Wilson Zara, participações especiais que abrilhantarão o espetáculo.

Serviço

O quê: show “Canto Encanto – A noite dos menestréis”
Quem: o cantor e compositor Lourival Tavares, acompanhado por Marcos Lussaray (violão e guitarra) e as participações especiais de Erasmo Dibell, Gildomar Marinho, Joãozinho Ribeiro, Sérgio Habibe, Tutuca Viana e Wilson Zara.
Quando: dia 18 de novembro (sábado), às 20h
Onde: Bar do Léo (Hortomercado do Vinhais)
Quanto: grátis

Um letrista bissexto entre ídolos e amigos

Zema Ribeiro, Regiane Araújo e Chico Saldanha (com o Led Zeppelin ao fundo), no Zabumba Records. Foto: divulgação

A morte de Dolores O’Riordan (1971-2018), em 15 de janeiro de 2018, foi, para mim, golpe de difícil assimilação. A cantora e compositora irlandesa, vocalista da banda The Cranberries, tinha apenas 46 anos. Lembro particularmente de minha dificuldade em noticiar o acontecimento no então diário Balaio Cultural, programa que produzo e apresento com Gisa Franco há mais de sete anos, na Rádio Timbira.

Dizem que quando estamos perto da morte um filme inteiro se passa na cabeça da gente. Com Dolores O’Riordan morria um pedaço de minha adolescência – à época eu já era um quase quarentão, ave, Leminski! Estudante do ensino médio na segunda metade da década de 1990, comprei os três primeiros discos da banda em sociedade com um colega de turma e revezávamos os álbuns entre minha casa e a dele; muito além dos discos, a amizade durou até ele sucumbir ao neofascismo bolsonarista – “war child/ victim of political pride”.

Em algum dia do ano passado eu estava dirigindo quando ouvi, no rádio do carro, uma música dos Cranberries. Não lembro se era “Linger” ou “Ode To My Family” – mas com certeza era uma das duas. Quando cheguei ao destino, liguei o computador e um poema me veio como um jorro, quase como se eu o psicografasse.

Escrita a letra de “Dolores”, enviei ao cantor e compositor Chico Saldanha – que já havia musicado “Dorflex”, ainda inédita. Que também deve ter lá suas manhas no psicografismo, já que no mesmo dia me enviou, por um aplicativo, um esboço de melodia, que ele cantava se acompanhando ao violão, com a seguinte mensagem: “veja se está no rumo”.

Quem sou eu para julgar. A mim, a pegada blues da melodia do ídolo tornado amigo e parceiro, caía como uma luva – perdoem o clichê, mas essas cervejas e essa lua, em véspera de lançamento de parceria com Chico Saldanha, botam a gente comovido como o diabo.

Dolores. Capa. Reprodução

Mais um ano se passou – ano e meio, para ser exato, Cassiano! – e o rosariense resolveu começar a gravar umas músicas inéditas (sim, outras vêm aí!). “Dolores” furou a fila e ele não queria cantar sozinho. Ousei convidar Regiane Araújo, cantora e compositora que desde a primeira audição me impactou tanto quanto Dolores O’Riordan, voz necessária e destacado talento de sua geração.

O sim de Regiane Araújo me deixou contente: era um encontro de talentos e gerações em torno da homenagem a um ícone pop da envergadura de Dolores O’Riordan. Chico Saldanha (voz) e Regiane Araújo (voz) são acompanhados por Fernando Hell (bateria), Daniel Nobre (guitarra e violão aço), Mauro Travincas (baixo), Ricardo Foca (gaitas) e Luiz Cláudio (percussão, arranjo, produção e direção musical). A música foi gravada no Zabumba Records.

Para a capa do single, lembrei de um velho sofá que fotografei durante a pandemia de covid-19, tentando estabelecer um diálogo com a capa de “No Need To Argue” (1994), o segundo álbum dos Cranberries, em que a banda está sentada em um ambiente interno; na capa de “Dolores” o sofá está rasgado e vazio, abandonado em uma calçada que começa a ser tomada pelo mato, à frente de um muro carcomido pelo tempo.

Dolores O’Riordan segue viva em sua música atemporal e na saudade e memória do fã-clube mundo afora, inclusive este letrista bissexto. Se voltasse no tempo e estivesse no elenco de “A Viagem”, novela de Ivani Ribeiro que a Rede Globo exibiu em 1994, cuja trama, de inspiração kardecista, abordava a vida após a morte – e a que The Cranberries compareceu com “Linger” à trilha sonora internacional –, eu mesmo perguntaria se ela gostou da homenagem.

*

Leia a letra:

DOLORES (Chico Saldanha/ Zema Ribeiro)

para Dolores O’Riordan

Nunca mais encontrei Dolores na balada
Ela nunca mais me disse nada
Enquanto eu bebia ao pé do balcão

Dolores nunca mais subiu ao palco pr’uma canja
Mesmo que apareça outra banda
Ouço apenas o vazio de meus pensamentos

A balada já não tem a mesma graça
Nunca mais pedi um drinque estranho
Desligaram o som
Não se ouve mais When you’re gone
When you’re gone

Eu que sou uma gata sem eira nem beira,
Já virei zumbi
Zombie

Aos poucos fui perdendo os discos
Que passei a vida a colecionar
Que passei a vida a colecionar

Dolores foi embora sem dizer goodbye
Tropeço na saudade quando a noite cai
Procuro uma palavra, não vou encontrar
Ninguém vem me dizer onde ela foi morar

Sua voz se diluiu no sinal vermelho
No cruzamento entre a morte e a canção
Eu bato ponto todo dia no balcão
Na doce ilusão de um dia ela voltar

*

“Dolores” chega às plataformas de streaming nesta segunda (30). Faça o pré-save:

VII Plenária Estadual da Rede Mandioca celebrou 15 anos da articulação

Encontro aconteceu no Centro São Raimundo, em Vargem Grande/MA, dias 19, 20 e 21 de outubro

TEXTO E FOTOS: ZEMA RIBEIRO

[Originalmente publicado na edição de hoje (28) do jornal O Imparcial]

Os presentes à VII Plenária Estadual da Rede Mandioca, entre membros, palestrantes e coordenadores
Noite de festa no Centro de Comercialização Quilombola de Piqui da Rampa
Uma missa marcou o encerramento das atividades da VII Plenária Estadual da Rede Mandioca
Visita à hortas comunitárias no povoado Sororoca

Oriundos de mais de 30 municípios de todas as regiões do Maranhão, 110 representantes de comunidades e grupos produtivos filiados à Rede Mandioca estiveram reunidos em Vargem Grande entre os últimos dias 19 e 21 de outubro. Em sua sétima plenária estadual, a Rede Mandioca, que está completando 15 anos em 2023, elegeu também sua coordenação estadual para um mandato de três anos, quando deve acontecer sua próxima plenária, e revisou sua Carta de Princípios, documento que norteia as ações de seus filiados, na adoção de princípios agroecológicos e da economia popular solidária.

Era um momento de refletir sobre passado, presente e futuro da iniciativa, surgida em um contexto de combate ao trabalho escravo – em 2008 o Maranhão era um dos recordistas em fornecimento de mão de obra – e avanços na melhoria da produção e comercialização de derivados da raiz que empresta o nome à rede, mas que acabou se expandindo para campos os mais diversos, como a criação de pequenos animais, o extrativismo e o artesanato.

A VII Plenária Estadual da Rede Mandioca teve por tema “15 anos fortalecendo a agricultura familiar agroecológica e lutando por direitos” e uma mesa no primeiro dia de programação buscava olhar os desafios de fortalecer a agricultura familiar em rede, formada por filiados à Rede Mandioca e por Lucineth Machado, secretária executiva da Cáritas Brasileira Regional Maranhão, organismo da Igreja Católica que anima a articulação.

“A diversidade da Rede é um retrato da sociedade que a gente sonha e deseja”, afirmou ela, referindo-se aos integrantes ali reunidos, entre muitos jovens e adultos, lavradores, catadores, mulheres e negros. “A Rede vem se fortalecendo como organização e dando visibilidade e importância a pessoas historicamente invisibilizadas”, continuou.

Ao longo de sua história a Rede Mandioca já implementou 27 casas de farinha, facilitando e melhorando o trabalho de produção de farinha de mandioca. Com apoio da Fundação Interamericana (IAF na sigla em inglês), implantou os fundos de crédito rotativo solidário, que é retroalimentado com o pagamento dos que acessam o crédito. Já foram apoiados 41 grupos em 20 iniciativas, totalizando 53 projetos, desde 2019. Desde sua implementação o fundo já concedeu crédito solidário na ordem de 460 mil reais.

O lavrador Zé Vando, do Assentamento Alegre (em Alto Bonito, Riachão/MA), formado por agricultores familiares que vivem da terra, afirmou que “foi através da Rede Mandioca que me tornei o homem que sou”. A articulação ajudou a melhorar também a autoestima dos agricultores filiados e, neste sentido, comprova o sucesso da iniciativa no combate ao trabalho escravo.

O jovem – como Zé Vando havia vários outros presentes – já percebe que é possível viver dignamente da agricultura familiar e, não enxergando isso como motivo de vergonha, permanece em seu lugar. Sua comunidade foi uma das beneficiadas com casas de farinha, fazendo a produção do lugar saltar de sete para 25 sacas diárias.

“A agricultura não pode ser vista como um castigo”, complementou o agricultor familiar Zé Filho, de Loreto/MA. “É necessário que estejam em pauta políticas públicas voltadas para agricultura familiar e juventude, para a geração de trabalho, emprego, renda e dignidade. A Cáritas tem mostrado possibilidades concretas, com os fundos de crédito rotativo solidário, que têm mudado a vida de comunidades e grupos produtivos”, continuou. A Rede Mandioca tem ajudado a mudar uma realidade literalmente de fome, algo de que atualmente nenhum membro seu padece.

Na manhã do segundo dia de atividades, o advogado e ambientalista Guilherme Zagallo realizou uma análise de conjuntura, citando questões como o calor que assolava o Brasil – e particularmente o município de Vargem Grande, que chegou a registrar temperaturas de 40ºC durante o encontro –, relacionando-o a contexto de opção de sucessivos governos por modelos equivocados de desenvolvimento. “2023 provavelmente será o ano mais quente da história”, advertiu. O palestrante também não esqueceu do desmantelo político vivido pelo Brasil após o golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, em 2016, e tudo que o sucedeu.

Zagallo trouxe diversos dados em sua intervenção, entre eles a taxa de pobreza no Maranhão (58,9%, a maior do Brasil), estado que ainda tem maioria da população em zonas rurais, apesar de o quadro estar se revertendo progressivamente, com cada vez mais a ocupação de áreas urbanas. O Maranhão tem a segunda maior taxa de trabalhadores informais do país: 59,4%. “A presença maciça de jovens à plenária é algo que me chama a atenção”, disse. Ele destacou ainda o impacto do uso de agrotóxicos na vida e na saúde da população, lembrando o recorde de liberações de vários tipos do produto durante o governo Jair Bolsonaro (2019-2022).

Há cerca de ano e meio – devido a um adiamento causado pela pandemia de covid-19 – a Rede Mandioca vem sendo pesquisada. Um grupo de professores e estudantes das Universidades Federal (UFMA) e Estadual do Maranhão (UEMA), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), vem traçando o perfil dos filiados à rede.

O professor Marcelo Carneiro (do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFMA), observado por estudantes e demais presentes à plenária, apresentou os resultados da citada pesquisa, que será publicada em livro em breve. As incursões em campo do Grupo de Estudos e Pesquisas Trabalho e Sociedade (GEPTS), apontam dados interessantes: se a maior parte dos respondentes estudou apenas até a quarta série, 3,5% dos entrevistados cursa ou concluiu o nível superior.

75% participa de sindicatos, 24% de cooperativas e 68% de associações – a soma dos percentuais é superior a 100 por muitos deles fazerem-no simultaneamente. O resultado da pesquisa traz inúmeros outros dados, com informações sobre o perfil produtivo dos grupos filiados à Rede Mandioca e o volume de sua produção.

A tarde do segundo dia foi dedicada a intercâmbios: os participantes do encontro visitaram experiências filiadas à Rede Mandioca, nas zonas urbana e rural de Vargem Grande, incluindo a Cooperativa Agroextrativista dos Pequenos Produtores Rurais de Vargem Grande (Coopevarg) e grupos produtivos no bairro Rosalina, além de povoados como Sororoca, Caetana, Remédios e Riacho do Mel.

E a noite foi de festa: uma feira da agricultura familiar aconteceu no Centro de Comercialização Quilombola de Piqui da Rampa, como parte da programação da plenária, com a presença da sociedade local, além de apresentações culturais como tambor de crioula e forró pé de serra e a comercialização da produção de grupos filiados à Rede Mandioca.

Pe. Isaque (pároco de São Benedito do Rio Preto/MA) celebrou a missa de encerramento do evento, com alguns avisos ao final – traduzindo a metáfora da articulação estar em movimento, ou seja: o encontro acabava, o trabalho não. A Rede Mandioca – junto com as Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Regional NE 5) e outras organizações da sociedade civil – irá participar do processo de criação da lei de iniciativa popular para proibir a pulverização de agrotóxicos por aviões mobilizando a coleta de assinaturas em todo o Estado. E na Romaria da Terra e das Águas, que irá acontecer ano que vem, fazendo o percurso entre Santa Inês e Pindaré-Mirim, serão distribuídas e plantadas mudas de árvores de diversas espécies – a recomendação é que cada romeiro e romeira leve mudas e sementes, distribuindo e assim ajudando a reverter as altas temperaturas no planeta. Pela disposição dos envolvidos, nem mesmo o calor forte os fará esmorecer.

Agendão para este fim de semana e além

“A viagem no tempo é comprovada pela presença maciça de cabeças do século retrasado neste”. Em “As Aventuras de CavaloDada em + Realidades Q Canais de TV” (Pitomba!, 2013), o poeta Reuben cravou essa, certeira. Entre tantos temas aos quais ela pode ser aplicada, descriminalização do aborto e da maconha, entre eles, serve também para perguntar se alguém ainda mora no tempo em que era comum ouvirmos falar que em São Luís não acontece nada.

O fim de semana na ilha promete opções para todos os gostos. Confira o que vai rolar a partir de hoje.

DOIS COLETIVOS, UM SÓ FESTIVAL

Regiane Araújo e Núbia nas gravações de “Tirem as Cercas”, música da primeira. Reprodução

Hoje (29), a partir das 17h, no antigo Espaço Cultural (entre a Rua Coelho Neto – ou da Tapada – e a Praça Maria Aragão, Centro), acontece o festival Cadê o Circo na Piracema?, iniciativa em parceria dos coletivos Na Piracema das Mudanças Climáticas e Cadê o Circo?. O evento é grátis e terá a seguinte programação:

17h: Feirinha e Gilson César (mímico)
18h: Tambor da Lua
19h: DJ Pedro Sobrinho e O Circo Tá Na Rua
20h: Cordel com Rômulo
20h15: Marcos Magah
20h30: Walter
20h45: Luciana Simões
21h: Fauzi Beydoun
21h15: Josias Sobrinho
21h30: Luma Pietra
21h45: Nubia
22h: Regiane Araújo
22h15: Paulão
22h30: Beto Ehong e Siô Groove
22h45: Tarcísio Selektah
23h45: Adriane Bombom (performance)
0h: Lucía Santalices
0h15: Criola Beat

SARAU DE ESTICA DE ANIVERSÁRIO

O cantor e compositor Tutuca Viana. Reprodução

Hoje (29) acontece a primeira edição de Um Sarau Para São Luís. O evento, gratuito, é uma extensão das comemorações pelos 411 anos da capital maranhense, completados no último dia 8 de setembro. A festa acontece na Praça dos Catraieiros, na Praia Grande, e começa às 19h. As atrações são, em ordem alfabética, Gerude, Mano Borges, PP Júnior, Roberto Ricci, Ronald Pinheiro e Tutuca Viana.

SAMBA, CHORO E OUTRAS BOSSAS

Projeto mensal da Fundação da Memória Republicana Brasileira (FMRB), sediada no Convento das Mercês (Rua da Palma, Desterro), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão, o Samba, Choro e Outras Bossas chega hoje à sua sexta edição. A premissa é simples: acompanhados de formações instrumentais diversas, os artistas aniversariantes do mês desfilam um repertório formado por músicas dos gêneros que batizam o evento. Começa às 19h e acontece no pátio interno do Convento das Mercês, com entrada gratuita. As atrações de hoje são, em ordem alfabética, Ana Tereza Cunha, Elder Ferreira, Emanuele Paz, Eraldo Ébano, Gisele Padilha, Inácio Pinheiro, Mariana Rosa, Ribão d’Oludô, Rose Maranhão, Ticiana Duailibe e Victor Hugo, acompanhados pelos grupos Roberto Chinês Quarteto e a Banda “Choro, Samba e outras bossas”.

FESTIVIDADE PARA XANGÔ

“Xangô”. Aquarela de Carybé, 1950. Acervo Museu de Arte da Bahia. Reprodução

Hoje (29) tem Candomblé e amanhã (30) Tambor de Mina para o orixá, às 21h. Na Casa Fanti-Ashanti (Rua Militar, 1158, Cruzeiro do Anil). Entrada franca.

RÁDIO DAS TULHAS

Evento semanal comandado pelos djs Ayawo Noleto e Victor Hugo, a programação gratuita acontece todos os sábados, de meio-dia às 18h, na Feira da Praia Grande. Neste sábado (30), homenagem a Nonato e Seu Conjunto, com a participação especial da DJ Vanessa Serra.

ILHA ROCK

O single “Angry” anuncia “Hackney Diamonds”, primeiro álbum de inéditas desde “A Bigger Bang” (2005), que os Rolling Stones lançam em outubro, com o beatle Paul McCartney tocando baixo em uma faixa

A quarta edição do Ilha Rock Festival acontece neste sábado (30), a partir das 15h, no Residencial Recepções. A produção é do compositor e multi-instrumentista Chiquinho França. Informações e ingressos pelo telefone (98) 99181-3960. Serão 11 bandas maranhenses em 16 tributos a nomes do pop rock nacional e internacional. A programação tem as seguintes bandas (covers de):

15h30: Connection (The Rolling Stones)
17h: Colt (Evanescence e Pitty)
18h: Jamilson Jackson (Michael Jackson)
19h: Paquetá (Los Hermanos)
20h: Duas Tribos (Legião Urbana)
21h: Vertigo (Queen)
22h: General Purpose (Pink Floyd e Pearl Jam)
23h: Ramirez Costa (System of a Down e Red Hot Chilli Peppers)
0h: Luciano Priss (Coldplay e U2)
1h: Powerslave (Iron Maiden)
2h: Móbile (AC/DC e Charlie Brown Jr.)

III REXISTÊNCIA FEST

O coletivo Ponto BR. Da esquerda para a direita, em pé: Ribinha de Maracanã, Thomas Rohrer, Mestre Walter França, Henrique Menezes e Éder O Rocha; sentadas: Renata Amaral e Dona Zezé de Iemanjá. Foto: divulgação

Iniciativa do Coletivo Resistência Cultural Upaon-Açu, o Re(o)cupa, o evento marca o encerramento do setembro amazônico em São Luís. É um festival de música que busca pensar questões como a preservação ambiental em geral e da Amazônia em particular. A programação é gratuita e começa ao meio-dia, neste sábado (30), no Parque do Rangedor. As atrações são as seguintes:

12h: DJ Adriano Sounds (Palco Amazônia é Agora; em itálico as atrações deste palco)
12h40: Grupo Pau Doido Forró In Jazz (Palco Rexistência)
13h30: Samba de Mina homenageia Patativa
14h20: Regiane Araújo e Raiz Tribal
15h20: Batalha na Praça Entrada 1
16h: Paulão
16h50: Batalha na Praça Entrada 2
17h30: Lombreta
18h20: Ballroom MA
19h: Ponto BR
20h: Selekta Rocha, Mr. Adnon e Biodz
20h30: Cofo de Parafernalha
21h20: Selekta Rocha, Mr. Adnon e Biodz
21h50: BNegão

TOTTI NA COZINHA

Totti Moreira durante sua apresentação no sarau RicoChoro ComVida (2021). Foto: Zeqroz Neto. Acervo RicoChoro ComVida

O cantor e compositor Totti Moreira apresenta repertório de música popular e swing brasileiros, forró e reggae. É neste sábado (30), a partir das 20h11, na Amabile Cozinha (Rua Projetada, 17, Solar dos Lusitanos, Turu). O couvert artístico individual custa R$ 10,00.

+ BONUS TRACKS

O IMORRÍVEL VOLTA À ILHA

O cantor e compositor Di Melo em sua apresentação em São Luís no Festival BR-135 (2016). Foto: Marco Aurélio/BR-135

Dia 7 de outubro tem show de Di Melo, O Imorrível, no Secreto Bosque (Rua G, Jardim Atlântico, Turu). A programação começa às 17h e o evento terá ainda como atrações o Trio Tropix, Adriano B2B Felix, Filtro de Barro, Paulão, Lucas Ló, Nicole Leal e Dicy. Ingressos à venda neste link.

MENINO EM FÚRIA NA ILHA

O cantor, compositor e escritor Clemente, lenda viva do punk brasileiro. Foto: divulgação

No sábado seguinte (14), “dia do eclipse eu vendi meu ray-ban” (Cesar Teixeira), é a vez de Clemente, lenda viva à frente dos Inocentes, há algum tempo também na Plebe Rude. O músico se apresenta no Ilê Pub Terrasse (Rua Boa Esperança, 153, Turu). A abertura é da Tenessí. “Mesas mediante reserva antecipada”, informa o perfil da casa no instagram. Ingressos e informações pelo telefone (98) 98138-8081.

O título desta nota alude ao livro que Clemente Tadeu Nascimento e Marcelo Rubens Paiva lançaram em 2016, “Meninos Em Fúria: e o Som Que Mudou a Música Para Sempre” [Alfaguara, 2016, 220 p.].

MÚSICA (E DANÇA) NA ESTRADA

O Quinteto Villa-Lobos. Foto: Daniel Ebendinger/ Divulgação

O Festival Música na Estrada, em sua nona edição, chega à São Luís entre os dias 17 e 19 de outubro. A programação inclui um workshop de dança, ministrado pelo professor Cesar Cirqueira, bailarino da Cisne Negro Companhia de Dança, na sala de dança do Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro). Nos três dias do festival acontecem oficinas de música com Rubem Schuenck (flauta), Cristiano Alves (clarineta), Philip Doyle (trompa) e Miguel Campos Neto (regente), na Escola de Música do Estado do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo (Iema/Emem, Rua da Estrela, 363, Praia Grande). As inscrições para as oficinas são gratuitas e devem ser feitas no site do projeto. Haverá certificação ao final.

Dia 18 de outubro o programa da Cisne Negro inclui as apresentações de “Ziggy – Tributo a David Bowie” (2016) e “Trama” (2011). Dia 19 o Quinteto Villa-Lobos celebra seus 60 anos de trajetória, com um repertório de Ronaldo Miranda, Edino Krieger (1928-2022), Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Hermeto Pascoal e Radamés Gnattali (1906-1988). As apresentações acontecem às 20h, no TAA, com retirada de ingressos gratuitos duas horas antes do início de cada sessão.

Joãozinho Ribeiro e grande elenco apresentam “Canções de Amor e Paz”

[release]

O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro. Foto: divulgação
O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro. Foto: divulgação

Espetáculo poético-musical acontece nesta sexta-feira (22), no Teatro Arthur Azevedo

Diariamente somos bombardeados pelo noticiário e pelas redes sociais com notícias desagradáveis. São fartos os casos de desastres (supostamente) naturais, violências de toda ordem e assassinatos, não raro os três se relacionando.

Na contramão disso, temos as artes, para servirem não como alienação, alheamento ou fuga da realidade, mas também para nos ajudar a refletir sobre a quadra histórica que atravessamos.

“O dever do artista é salvar o sonho”, sentenciou o artista plástico italiano Amedeo Modigliani (1884-1920), frase que se tornou um mantra para o poeta e compositor maranhense Joãozinho Ribeiro.

Nesta cruzada quase quixotesca em busca de salvar o sonho, Joãozinho Ribeiro apresenta nesta sexta-feira (22), às 20h, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro), o espetáculo “Canções de Amor e Paz”, reunindo um grande elenco da música e poesia cometidas por estas plagas.

Desfilando um repertório autoral, Joãozinho Ribeiro agrega como convidados/as o Coral Infantil Batucando Esperança, Elisa Lago, Emmanuel Ferraro, Adriana Bosaipo, Anna Cláudia, Fátima Passarinho, Zeca Baleiro – que fará uma participação especial virtual, apresentando uma parceria inédita deles em vídeo –, Ivandro Coelho, Gisele Vasconcelos, Marconi Rezende, Rosa Reis, Leda Nascimento, Elizandra Rocha, Gilson César, Rosa Ewerton, Uimar Junior, Moizes Nobre e Tatiane Soares.

O anfitrião e a constelação que o acompanha terão seus feitos musicais e poéticos emoldurados pelos talentos de Rui Mário (sanfona e direção musical), Arlindo Pipiu (baixo), Hugo Carafunim (trompete), Danilo Santos (saxofone e flauta), Robertinho Chinês (cavaquinho e bandolim), Tiago Fernandes (violão sete cordas) e Marquinhos Carcará (percussão). A produção é de Lena Santos e a direção geral de Joãozinho Ribeiro.

Os ingressos custam R$ 50,00 (R$ 25,00, a meia-entrada para estudantes com carteira e demais casos previstos em lei) e estão à venda na Bilheteria Digital e na bilheteria do Teatro Arthur Azevedo.

Serviço

O quê: show “Canções de Amor e Paz”
Quem: Joãozinho Ribeiro e convidados
Quando: sexta-feira (22), às 20h
Onde: Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro)
Quanto: R$ 50,00 e 25,00