As recentes entrevistas concedidas por Luís Inácio Lula da Silva, da sede da Polícia Federal, em Curitiba, revelam sua enormidade e sua qualidade de preso político. As peças de um jogo nefasto aos poucos vão se encaixando. Nada de novo para observadores mais atentos, mas aos poucos começa a ruir a farsa alicerçada em motivo indeterminado.
Ano passado cerca de 90 escritores, poetas, quadrinhistas e intelectuais reuniram-se em Lula Livre Lula Livro, manifesto contra a prisão de Lula. A obra reúne poemas, charges, textos em prosa, requerimentos e cartas sobre a questão.
Um dos poemas do livro, do maranhense Celso Borges, é Now, que foi musicado por Alê Muniz e Luiz Lima e virou um reggae, gravação que Homem de vícios antigos revela em primeira mão. O poeta promete um clipe para breve.
Participaram da gravação os reggae stars Dicy Rocha, Santacruz, Célia Sampaio, Alê Muniz e Preto Nando (vozes), João Simas (guitarras) e Gerson da Conceição (contrabaixo). É provavelmente a última gravação em estúdio do músico recém-falecido. Alê Muniz assina arranjo, efeitos e direção musical.
Leia o poema e ouça a música:
NOW
nem uma frase reza
nem a flor da indelicadeza
mas raduan em lavoura de cólera
frida pintando nos murais de rivera:
LULA LIVRE
porque se vomitam
a brutalidade nos tribunais
pound se ergue nos cantos da jaula
munch grita paralém da ponte:
LULA LIVRE
contra as ruas em falsa festa
piva delira paranoia
lennon risca riffs na guitarra
os berros de camille
nos sanatórios explodem explodem:
LULA LIVRE
cavalos tropeçam na loucura
imaginações maquinadas
umas
sobre as outras
numa torre que se levanta e desaparece
tempos de águias com dentes afiados
e crocodilos voando sobre o fígado dos pássaros
uma pomba se espatifa nos muros da história
mas
a incontrolável poesia se alastra como peste
vixe cabra da peste
umas
sobre as outras
molhando a dinamite do silêncio:
LULA LIVRE