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SERESTEIRO OBTUSO
Noel Rosa gostava das madrugadas e, quando não tinha carro, escalava motoristas de táxi para acompanhá-lo no périplo noturno.
Um desses motoristas tinha o apelido de Malhado, em função do vitiligo. Possuía voz possante, que gostava de exibir em serenatas, e vivia pedindo a Noel uma música em que pudesse exibir seus dotes vocais.
Noel percebeu um detalhe interessante. Malhado cantava valsas e canções com palavras difíceis de que ele não conhecia o significado. Diante disso, resolveu compor uma canção para o amigo motorista.
Depois de pronta a composição, Noel ensinou versos e melodia para Malhado, e combinou de fazerem a estreia da obra numa serenata para as filhas de um coronel lá de Vila Isabel.
Ao chegar diante do sobrado do coronel, Noel disse que ficaria do outro lado da rua, para dar o destaque que a voz de Malhado merecia. Feriu o tom e o cantor atacou:
“Saí da tua alcova
Com o prepúcio dolorido,
Deixando teu clitóris gotejante
De volúpia emurchecido
Porém o gonococos da paixão
Aumentou minha tensão”
O coronel levantou atirando. Malhado correu para a esquina onde Noel já o esperava. Lívido, parou diante do Poeta da Vila, que o consolou:
“Isso é pra você ver, Malhado, o que é a falta de sensibilidade dessa gente”.
(De Suite gargalhadas (p. 19/20), de Henrique Cazes. José Olympio Editora, 2002. Do livro foi tirada também a ilustração do post)
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11/12: Noel, Rosa secular.
já sei de onde vou colar pra fazer o especial do Noel na radiUn.
;)
beijos
aqui na vila isabel tem brumas do noel em cada boteco, algumas praças e nas calçadas, cheias de partituras de clássicos
oba! adoro ser útil. amanhã, no chorinhos e chorões, com ricarte almeida santos, os quatro bambas que lhe prestarão homenagem dia 11: cesar teixeira, chico saldanha, joãozinho ribeiro e josias sobrinho. não perca!
não sabia, bruno. fica a dica para uma próxima ida ao rio.
abraços!