CAPÍTULO DOIS DE ALGO AINDA SEM NOME
Ela é sempre decidida e desliga o telefone quando digo “tchau”. Não gosto de mulheres que esperam que eu desligue o telefone, pois estas me fazem crer que sou um mal-educado. Ela me entendia. Me entende. Acredito nisso. Piamente. Uma coisa difícil. “Te entender?” “Não, não é difícil me entender, mas é difícil achar alguém que me entenda, se é que você me entende…”.
“Eu faço samba e amor até mais tarde
e tenho muito sono de manhã”
Não sei por que lembrei dessa música do Chico Buarque. Nós dois ao telefone íamos até mais tarde, mas eu não sambava, nem fazia amor. Tentava, no melhor sentido. Também não podia dizer que sentia sono de manhã; pelo contrário, tinha mais disposição, ao lembrar do último papo com ela.
“Se você quer
Pode sentar no meu colinho, neném
Eu sou santinho
Juro pela minha avó
Que eu ia só cobrir você com mil beijinhos
E dizer baixinho
Eu tenho estado tão só
Mas se você desse um sorriso engraçadinho, neném
Eu te puxava com jeitinho prá mim
E começava a te fazer carinho, neném
Devagarinho prá não ter mais fim”
Dessa do Boca Livre eu sei por que lembrei: somos, eu e ela, dois “amantes frustrados”, um querendo proteger o outro. Espero que já chegue o dia da gente nunca mais sofrer por amor.
(continua)